Tempos difíceis para o Facebook — e também para as marcas que usam a rede para suas estratégias de marketing. Entre 2017 e começo de 2018, empresas foram atingidas com mudanças drásticas no algoritmo e uma elevação no preço dos anúncios.
E aí, para piorar as coisas um pouquinho mais, em março deste ano foi revelado que o Facebook cedeu dados de mais de 87 milhões de usuários para a empresa de consultoria política Cambridge Analytica, que usou essas informações para enviar notícias falsas para eleitores americanos e, assim, influenciar o resultado das eleições de 2016
Mark Zuckerberg deu um depoimento de cinco horas para o senado americano tentando explicar o escândalo e se desculpar — o que para muitos foi o famoso “too little, too late” (tarde demais). Segundo ele, quando soube que a Cambridge Analytica não havia deletado os dados de 87 milhões de usuários anos atrás, o Facebook não notificou os afetados porque consideraram que o problema já tinha sido resolvido.
Mesmo no dia do depoimento (10/4), as ações do Facebook alcançaram a maior alta em quatro anos, com um crescimento de 4,5%. E Zuckerberg ainda afirmou que o escândalo com a Cambridge Analytica não levou a uma queda no uso da rede.
O que as marcas acharam de tudo isso?
Segundo matéria do Meio & Mensagem muitas marcas diminuíram o número de postagens no Facebook — como Nike e Adidas — enquanto outras permanecem em uma atividade constante — a Netflix continuou fazendo pelo menos uma postagem por dia em um espaço de 90 dias em que sua página foi analisada.
Veículos de comunicação, que usam a rede como forma de conquistar mais leitores e cliques em seus sites, estão revendo suas estratégias para manter a audiência — a Folha de São Paulo já anunciou que não irá mais postar conteúdo em sua página oficial.
O Facebook também começou a tomar ações para evitar novas polêmicas, terminando parcerias com empresas como as realizadas com a Serasa Experian e a Oracle Data Cloud. “Queremos que nossos anunciantes saibam que vamos encerrar as Categorias de Parceiros”, afirmou em comunicado. “Esse produto permite que provedores terceiros de dados ofereçam o targeting deles diretamente no Facebook. Embora essa seja uma prática comum da indústria, acreditamos que essa mudança, que será gradual ao longo dos próximos seis meses, ajudará a ampliar a privacidade das pessoas no Facebook.”
O grande problema para as empresas, agora, é aceitar o fato de que os usuários estão mais conscientes do poder que o Facebook tem sobre seus dados — mesmo as marcas começam a questionar a onipotência da criação de Zuckerberg — e as reações contra o uso dessas informações, que ficam cada vez mais amplas. Quais outras redes ou estratégias elas irão buscar para fugir dessa dependência — e das possíveis polêmicas que podem ser acarretadas pelo Facebook no futuro?
O escândalo da Cambridge Analytica é apenas o começo, uma caixa de Pandora aberta, que ainda revelará tudo de ruim que acontece nos bastidores da rede e do uso indiscriminado dos dados dos usuários da internet.
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